Carro de luxo em nome de esposa de ministro do TCU foi apreendido com “Careca do INSS”

A apreensão ocorreu no dia 23 de abril, no âmbito da Operação Sem Desconto.

Um veículo de luxo apreendido durante a operação da Polícia Federal (PF) que investiga um esquema de fraudes contra aposentados do INSS estava, até recentemente, no nome da esposa do ministro Jhonatan de Jesus, integrante do Tribunal de Contas da União (TCU). O BMW X1 branco foi encontrado na residência do filho do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, figura central na investigação da chamada “farra dos descontos”.

 

Veículo branco, à direita, estava em nome da esposa do ministro no dia da operaçãoDivulgação PF

A apreensão ocorreu no dia 23 de abril, no âmbito da Operação Sem Desconto, que revelou repasses milionários entre entidades e pessoas ligadas a dirigentes do INSS. Naquele momento, o carro ainda estava formalmente registrado em nome de Thallys Mendes dos Santos de Jesus, esposa do ministro. Dias depois, o veículo foi transferido para a empresa Brasília Consultoria Empresarial, da qual o lobista é sócio.

Segundo a PF, a consultoria teria sido utilizada para lavagem de dinheiro e pagamento de propina a ex-dirigentes do INSS. O mesmo lobista, de acordo com os investigadores, transferiu um Porsche avaliado em meio milhão de reais para a esposa de um ex-procurador do instituto, também investigado. Ao todo, foram rastreados R$ 31 milhões em repasses de entidades ao lobista, dos quais R$ 9,3 milhões teriam sido redistribuídos a pessoas próximas a ex-gestores do órgão entre 2023 e 2024.

 

Porsche avaliado em meio milhãoDivulgação PF

O ministro Jhonatan de Jesus declarou que o carro foi adquirido legalmente pelo sogro e, posteriormente, vendido ao lobista antes da deflagração da operação da PF. “Ele comprou e deu o carro para ela. O pai dela tem vasta comprovação de renda, é dono de uma das maiores lojas de revenda de veículo de Roraima”, afirmou.

Jesus explicou que a venda foi intermediada por um advogado de confiança e não teve contato direto com o comprador. “Na verdade, nós colocamos o carro à venda e o doutor Flávio foi quem fez [o negócio]”, disse, reforçando que desconhecia qualquer ligação do comprador com atividades ilegais.

Ele também frisou que a transação foi feita antes da operação policial, sendo a formalização da transferência concluída apenas posteriormente. “Não é que ele foi feito depois da operação. Nós entregamos o carro antes e foi pago antes de qualquer operação [da PF]. Não tinha nada que desabonasse, era um processo de venda normal”, justificou. “Pagando o IPVA, nós fizemos o processo de transferência para ele [lobista]”.

Jhonatan de Jesus disse ainda que não foi procurado pela Polícia Federal e que está tranquilo quanto à legalidade da operação comercial.

Por sua vez, Antonio Carlos Camilo Antunes tem negado envolvimento em qualquer esquema fraudulento e afirma atuar exclusivamente na venda de veículos.

A investigação da PF continua a revelar detalhes sobre o funcionamento do esquema, que teria movimentado milhões com a cobrança indevida de mensalidades associativas diretamente das aposentadorias.