Em tempos de cobrança por mais transparência e responsabilidade com o dinheiro público, a Prefeitura de Dormentes (PE) resolveu surpreender — literalmente — ao escancarar, em frente ao palco principal da Caprishow 2025, os principais custos do evento.
A placa gigante instalada no local detalha os valores pagos às atrações musicais e fornecedores de estrutura, luz e som, tudo visível ao público durante os dias da festa.
Caprishow 2025: prefeitura expõe cachês milionários de shows em banner - Foto: Reprodução
Entre os cachês informados, os números impressionam:
- Xand Avião: R$ 550.000,00
- Tarcísio do Acordeon: R$ 400.000,00
- Hugo e Guilherme: R$ 500.000,00
- Iguinho e Lulinha: R$ 400.000,00
- Manim Vaqueiro: R$ 130.000,00
- Pablo: R$ 400.000,00
- Túlio Duarte: R$ 35.000,00
A lista segue com os fornecedores:
- MarSom Sonorização LTDA: R$ 468.870,00
- JCMB Locações de Equipamentos LTDA: R$ 568.929,40
- Kathiursa Valeriana Albino Queiroz Paulino: R$ 162.330,00
No total, apenas com shows, som, iluminação e estrutura, a festa ultrapassa R$ 3,6 milhões em despesas diretas, sem contar divulgação, alimentação ou segurança.
Caprishow 2025: prefeitura expõe cachês milionários de shows em banner - Foto: Reprodução
Enquanto Dormentes aposta na exposição clara dos gastos, no Piauí a realidade tem sido bem diferente. É cada vez mais comum que festividades bancadas com recursos públicos sejam alvo de questionamentos — e até recomendações de cancelamento por parte do Ministério Público.
Em cidades como Caridade do Piauí, Bom Jesus e Oeiras, promotores já solicitaram a suspensão de shows milionários pagos com emendas parlamentares ou verbas emergenciais, em meio a contextos de escolas precárias, postos de saúde sem médicos e contas atrasadas com servidores.
A ausência de transparência — ou a relutância em detalhar os gastos — é, muitas vezes, o estopim para ações judiciais e escândalos políticos. Nesse cenário, o exemplo de Dormentes expõe ainda mais o contraste e provoca uma reflexão sobre a gestão dos recursos em tempos de festas.
PONTO DE RUPTURA
A iniciativa da prefeita Corrinha de Geomarco é mais do que simbólica — é pedagógica. Mostrar os gastos de um evento desse porte em praça pública não só valoriza a cultura, mas também trata o cidadão como adulto.
É exatamente esse tipo de postura que falta em muitos gestores do Piauí, onde se gasta alto com festas, mas esconde-se o recibo. Ao contrário de alimentar o escândalo, a transparência desarma a polêmica.
Prefeitos piauienses têm aqui um bom exemplo a ser seguido. Que venham mais banners, planilhas e prestação de contas visível ao povo. O público merece mais do que o show — merece saber quanto custou.