Uma equipe de cirurgiões pediátricos de oito estados se reuniu no último sábado (25) no Hospital Lucídio Portella (Hospital Infantil), em Teresina, para realizar uma cirurgia de alta complexidade. A intervenção cirúrgica foi realizada para tratar de extrofia de bexiga, condição rara que consiste em uma má formação da bexiga e uretra, na qual a bexiga fica exposta para fora do abdome. A equipe do Lupa1 acompanhou com exclusividade a cirurgia que mudou a vida de uma criança de 4 anos e 8 meses que convivia com a anomalia.
Foto: Thiago Rodrigues/Lupa1
Em entrevista ao Lupa1, o cirurgião Dr. Nicanor Araruna Macedo, do Rio de Janeiro, explicou como a doença afeta a vida social das crianças e das famílias. De acordo com o médico, por ano nascem em média 90 crianças com essa condição no Brasil.
“Essas crianças são insociáveis se alguém perde urina perna abaixo, tem uma genitália completamente aberta, ela não é um ser humano social. Uma criança não socializada é uma família não socializada. O ser humano que não vai ter uma vida como vida normal”, explicou Dr. Nicanor.
O médico, idealizador do grupo, ressaltou que o grupo já realizou um total de 70 cirurgias. “Nós criamos um grupo, nós juntamos as nossas experiências, as nossas forças, que é o que precisa pra você, desafiar uma doença que é desafiadora pra nós mesmos, então a gente via que seria possível e hoje completando aqui setenta casos, nós já temos resultado que se são muito satisfatórios”, finalizou.
Cirurgia gratuita
Dentre os profissionais capacitados para a realização da cirurgia, está o piauiense Edinaldo Miranda, chefe da Residência Médica em Cirurgia e Urologia Pediátrica na Universidade Estadual do Piauí (Uespi). Em entrevista ao Lupa1, o cirurgião destacou que a equipe arca com os custos da viagem para, através da cirurgia, dar mais dignidade às crianças que sofrem com o problema.
Foto: Thiago Rodrigues/Lupa1
“A gente não tem patrocínio e todo mês viajamos para realizar uma cirurgia em um estado diferente. Esse mês a cirurgia foi aqui em Teresina e essa já é a terceira vez que o Piauí recebe esse grupo de cirurgiões. Todos os cirurgiões arcam com as despesas de passagem e hospedagem e não cobram nada pela cirurgia”, afirmou Dr. Edinaldo.
“O estado entra com a estrutura, que não é uma estrutura pequena. Aqui foi montada uma estrutura grande complexa, que ocupa praticamente todo o centro cirúrgico. Hoje esse grupo é um dos grupos mais experientes nessa formação no mundo”, continuou o piauiense.
Mudança na vida da família
Maria Ester, mãe da criança de 4 anos e 8 meses que foi operada pelo grupo, lembrou de como a filha vivia doente por conta da extrofia de bexiga.
“Ela só vivia dentro de hospitais, vivia com infecção urinária e vivia diariamente dentro dos hospitais. Eu sinto esperança que ela vai melhorar ela vai poder ficar em casa sem precisar ficar tendo intercorrência e não precisar mais ir pra hospitais”, relatou.
Foto: Thiago Rodrigues/Lupa1
Emocionada, a mãe da criança disse que os médicos são pessoas “mandadas por Deus” por realizarem de forma gratuita cirurgias como essa, que mudam a vida de toda a família do paciente.
“Eu senti que eles são as pessoas que me são mandadas por Deus. Acredito que eles têm um bom coração e espero que eles continuem fazendo essas boas ações”, finalizou.
Equipe
Eduardo Corrêa Costa, Porto Alegre;
Francisco Nicanor Araruna Macedo, Rio de Janeiro;
Antonio Merched Aziz Filho, Niterói;
Aluisio do Rego Mello Filho, São Luiz -MA;
Augusto César Gadelha de Abreu Filho - Fortaleza - CE;
Atila Reis Victoria, Belo Horizonte - Minas Gerais;
Luiz Alberto Araújo, Recife - Pernambuco;
Tereza Cristina Melo Monteiro, São Luiz - Maranhão;
Do Piauí participaram os cirurgiões Edinaldo Miranda, Eduardo Melo, Adriano Pádua Reis, Julião José de Alencar e Socorro Loiola.
Residentes e estudantes de medicina da Uespi também acompanharam o procedimento cirúrgico.
*Com informações do repórter Júnior Santos*