Policial civil do Piauí é expulso acusado de usar cargo para pedir dinheiro a frentistas

Investigação encontrou evidências de que o policial não devolveu os valores recebidos e não apresentou justificativas para as retiradas de dinheiro.

Um policial civil, identificado como Lima Júnior, foi demitido da Polícia Civil do Piauí após um processo administrativo apontar que ele fez uso indevido de sua função para obter dinheiro de um posto de gasolina, em Guadalupe, cidade localizada a cerca de 346 km de Teresina. O caso foi formalizado em decisão publicada no Diário Oficial do Estado do Piauí, nessa segunda-feira (20).

 

Polícia Civil do Piauí - Foto: Heitor Carvalho/TV Lupa1

O policial, que estava em estágio probatório, teria solicitado valores de um frentista e de uma funcionária do posto durante o carnaval de 2024, entre os dias 11 e 12 de fevereiro. De acordo com o relatório da investigação, Lima Júnior usou sua farda e distintivo da Polícia Civil nas abordagens e alegou que o dinheiro seria destinado ao abastecimento de viaturas ou para "fechar o caixa da delegacia".

No primeiro momento, ele recebeu R$ 600,00 de um frentista. No dia seguinte, a quantia de R$ 400,00 foi entregue por uma funcionária, com a justificativa de que seria para o abastecimento de uma viatura. Mais tarde, no mesmo dia, o policial recebeu R$ 300,00 de outro funcionário, afirmando que o valor seria necessário para uma missão em Teresina, explicando que o dinheiro em espécie seria mais útil para o abastecimento no caminho.

A investigação encontrou evidências de que o policial não devolveu os valores recebidos e não apresentou justificativas válidas para as retiradas de dinheiro. O posto de gasolina alegou que não recebeu o pagamento dos valores emprestados ao policial e não há registros de transações de abastecimento compatíveis com os valores solicitados.

A decisão do processo administrativo concluiu que a atitude do policial configurou um uso indevido do cargo, caracterizando uma infração gravíssima. A demissão foi fundamentada não pela reprovação em estágio probatório, mas pela conduta considerada incompatível com os deveres da função pública.

O relatório também descartou qualquer influência de problemas de saúde mental ou dependência de substâncias, ressaltando que Lima Júnior tinha plena capacidade para responder por suas ações. A demissão, portanto, foi motivada pela gravidade dos atos cometidos, que violaram as normas da corporação.

Outra demissão

O secretário de Segurança Pública do Piauí, Chico Lucas, assinou a demissão do Polícia Civil Ivan Machado Veras, acusado de estuprar uma adolescente de 15 anos, dentro da Delegacia de Barras, em 9 de junho do ano passado.

A decisão foi publicada em uma portaria nessa segunda, após a instauração do Processo Administrativo Disciplinar, que investigou a conduta do agente. Além da demissão, Chico Lucas determinou que Ivan entregue a carteira funcional, insígnias, distintivos, armas e qualquer outro documento que possa fazer com que ele se apresente na atividade policial.