Em um momento de tensão política nos bastidores, o senador Marcelo Castro (MDB) tentou adotar um discurso de cautela ao comentar a decisão do governador de retirar o cargo de vice-governador da cota do partido para as próximas eleições. Apesar de insistir em tom sereno, as próprias declarações do senador revelam um MDB claramente insatisfeito com o esvaziamento de seu espaço na chapa majoritária.
Em fala registrada sobre visita de solidariedade à casa do vice-governador Themístocles Filho, Castro admitiu que o partido vive um processo de elaboração de resposta, mas evitou qualquer anúncio de reação. “Nós não poderíamos estar satisfeitos com uma situação dessa”, reconheceu, ao mesmo tempo em que enfatizou a estratégia de “esperar o tempo passar” e “deixar a poeira assentar”.
Essa postura, considerada por críticos como excessivamente passiva, contrasta com a importância estratégica do cargo de vice-governador para o MDB no tabuleiro eleitoral. A sinalização do governador de que a vice ficará com o PT, enfraquecendo a participação do MDB na chapa, é vista como um movimento claro para redistribuir poder na base governista.
Em um dos trechos mais reveladores, Marcelo Castro confirmou o desconforto interno:
“É óbvio. Essa posição traz um desconforto a ele e ao partido também, ao MDB. Então nós não poderíamos estar satisfeitos.”
Apesar de reconhecer o problema, o senador reiterou que nem o partido nem Themístocles Filho pretendem se manifestar agora. Em vez disso, defendeu “prudência” e “meditação”, prometendo apenas que o partido “irá se manifestar no momento oportuno”.
Rompe ou não rompe?
Essa estratégia de postergação, justificada como uma forma de evitar reações precipitadas, alimenta especulações de que o MDB estaria dividido sobre como reagir. Enquanto parte dos dirigentes defende a manutenção da aliança a qualquer custo, outra ala pressiona por uma postura mais firme frente ao governador, temendo perder relevância política.
Questionado sobre rumores de ruptura, Marcelo Castro minimizou o risco, dando a entender que “nada disso vai acontecer”. Ainda assim, o mal-estar é inegável e foi tema de conversas reservadas. Na mesma fala, o senador confirmou que o MDB, que hoje detém o cargo de vice-governador, perderá essa posição na nova composição da chapa:
“Foi dito pelo governador, ao vice-governador Themístocles Filho, que nesta eleição o partido não terá mais o cargo de vice-governador.”
Para observadores, a postura do senador evidencia um MDB acuado, tentando evitar confronto direto com o governador, mas sem oferecer uma resposta clara à sua própria base. A estratégia de “deixar a poeira assentar” pode até evitar o rompimento imediato, mas expõe o partido a críticas por falta de firmeza e por aceitar, sem reação, um recuo relevante em sua participação no poder estadual.
Por enquanto, o MDB segue tentando costurar internamente uma saída. Mas o desgaste político da decisão do governador e a forma como a cúpula do partido está lidando com isso já gerou desconforto suficiente para abalar a tão propagada “unidade” da base governista.