O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou durante coletiva de imprensa no ato em memória ao dia 8 de janeiro de 2023, que é amante da democracia, não marido. Segundo o presidente, os homens são mais apaixonados por suas amantes do que por suas próprias mulheres.
“Para quem ama liberdade, para quem ama cultura, para quem ama educação, para quem ama a igualdade de direitos, somente num processo democrático a gente pode conquistar isso. É por isso que eu sou um amante da democracia. Eu não sou nem marido, sou um amante da democracia, porque a maioria das vezes os amantes são mais apaixonados pelas amantes do que pelas mulheres. E eu sou um amante da democracia porque eu pouco conheço o valor dela”, disse.
Diante dessa afirmativa, só nos resta conjecturar: se Lula é amante da democracia, quem está sendo traído? Com quem Lula é casado?
A verdade é que esta fala é um deslize de discurso, em um momento em que o governo estabelece preocupação máxima com a comunicação. E, além disso, a fala explicita o uso indiscriminado da palavra, o que tem banalizado um dos temas mais importantes no país.
A defesa da democracia tem sido usada para justificar quase tudo no Brasil e é pilar fundamental de sustentação para milhares de discursos, inclusive alguns que atentam contra a própria democracia. Deste modo, vai se criando um espectro da realidade, um mundo paralelo onde a democracia está constantemente às vésperas do fim. Esse tipo de atitude não tem outro efeito senão impedir que corrijamos os defeitos que nos fazem menos democráticos.
Não é razoável aceitar que tudo está justificado se for em defesa da democracia. É preciso pensar nos limites das instituições, no dever do povo, no exercício da lei e na transparência dos processos públicos desse país. Dizer que é pró-democrático até os antidemocráticos fazem; fazer algo pelo Brasil é que é para poucos.
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