Vereadora mais votada de Geminiano tem mandato cassado por compra de votos

Parlamentar foi presa na véspera da eleição de 2020 quando andava em carro com dinheiro, listas com nomes de eleitores e anotações sobre pagamentos.

O juiz Fabrício Paulo Cysne de Novaes, da 62ª Zona Eleitoral de Picos, determinou a cassação do mandato da vereadora Mariana Cipriano (Progressistas), do município de Geminiano, a 330 km de Teresina. Ela foi a mais votada para o cargo nas eleições de 2020 com 542 votos, mas o juiz entendeu que parte dessa votação foi obtida por meio da compra de votos. A decisão é do dia 26 de setembro.

Mariana Cipriano (Foto: Reprodução/Instagram)

A investigação que levou à cassação de Mariana Cipriano começou a partir de um inquérito aberto pela Polícia Federal. No dia 14 de novembro de 2020, véspera da eleição municipal, Mariana foi presa em flagrante durante abordagem policial. Ela e mais três correligionários trafegavam em um carro quando foram interceptados. 

No veículo estava a quantia de R$ 4,3 mil em várias notas de R$ 10, R$ 20, R$ 50 e R$ 100, e listas com nomes de eleitores, notas de combustíveis, anotações e referências a pagamentos e ajudas a eleitores. Até números das seções eleitorais em que essas pessoas votavam estavam anotados.

Ao analisar, no decorrer das investigação, os aparelhos celulares apreendidos com os ocupantes do carro, inclusive o da vereadora, a Polícia Federal encontrou diversas trocas de mensagens que evidenciaram a prática da compra de votos. Mariana tem 32 anos e é filha do secretário de Saúde José Genival de Sousa, o GG, liderança política do município. Para a PF, ele era o articulador financeiro da campanha, responsável por resolver as demandas da compra de votos.

Em sua decisão, o juiz Fabrício Paulo Cysne de Novaes entendeu que a investigação da Polícia Federal comprovou que houve compra de votos pela campanha da vereadora, ficando evidenciado o abuso do poder econômico na eleição. Ele determinou a cassação do mandato da parlamentar e tornou nula a diplomação dela.

Mariana foi a mais votada para vereadora em Geminiano (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A decisão atendeu a uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (Aime) movida por Jailson Campos (PSD), segundo colocado na eleição para prefeito, e por José Elson Barbosa, presidente municipal do PSD. 

Além de pedir a cassação da vereadora, eles queriam que o prefeito Erculano Carvalho e o vice-prefeito Maninho da Coca, ambos do Progressistas, fossem cassados, supostamente por se beneficiarem da compra de votos feita pela campanha da vereadora. No entanto, o juiz não viu elementos para cassar a chapa majoritária e cassou apenas a vereadora Mariana Cipriano. 

Como a decisão é de primeira instância, ela pode recorrer no exercício do mandato.

O Lupa1 entrou em contato com a vereadora para que ela pudesse se manifestar, mas até a publicação da matéria, às 22h45 deste domingo (8), nenhuma resposta foi enviada.