Lá vem a Gleisi e os companheiros com mais uma ideia daquelas

Presidente nacional do PT e alguns aliados defendem que Congresso Nacional aprove projeto que "devolva" mandato presidencial à Dilma Rousseff.

No dia 28 de abril de 2014, o então senador alagoano Fernando Collor de Mello foi à tribuna do Senado Federal e, em um discurso assistido atentamente e aparteado por vários colegas, questionou: "Quem devolverá o que me foi tomado?"

O senador se referia ao seu mandato de presidente de República que lhe fora tirado em 1992, quando ele renunciou pressionado por processo de impeachment que seria aprovado horas depois no Congresso Nacional. 

O discurso de Collor naquele 28 de abril de 2014 fora motivado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que acabara de lhe inocentar da acusação de peculato que levou à cassação do seu mandato presidencial quase 22 anos antes.

Ex-presidente Fernando Collor (Foto: Agência Senado)

Era, ali, a segunda absolvição de Collor pelo STF. Em 1994, apenas dois anos após o impeachment, a Suprema Corte já havia inocentado o ex-presidente da acusação de corrupção passiva, outra denúncia que também levou à sua deposição da Presidência. Por 5 votos a 3, o plenário concluiu que não havia prova suficiente do envolvimento de Collor no esquema de arrecadação ilegal de dinheiro comandado por Paulo César Farias, o ex-tesoureiro da campanha presidencial.

O discurso, em tom de desabafo, chamou atenção de colegas, repercutiu na imprensa e certamente deve ter provocado reflexões em muita gente, mas, do ponto de vista prático, só serviu mesmo para ficar registrado nos anais do Senado Federal. Collor nunca teve seu mandato presidencial devolvido, nem mesmo simbolicamente. Óbvio.

Esse breve resgate é apenas para contextualizar o quão esdrúxula pode ser considerada a nova ideia do PT no que diz respeito ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, apeada do poder em 2016. De acordo com a presidente nacional do partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann, a sigla vai articular no Congresso um projeto de resolução para a devolução simbólica do mandato de Dilma.

Gleisi e Dilma (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Gleisi e os petistas adeptos da ideia se baseiam em recente decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) que manteve arquivada a ação de improbidade contra Dilma no caso das pedaladas fiscais, que embasou o processo de impeachment em 2016. O arquivamento havia sido decidido pela Justiça em primeira instância e o TRF-1 entendeu pela manutenção da decisão favorável à Dilma.

"Entendo que cabe um projeto de resolução nesse sentido com base na decisão do TRF-1, que deixa claro que o impeachment foi uma grande farsa, que a história das pedaladas foi uma armação, literalmente um golpe. A Dilma e a história do Brasil merecem isso", afirmou Gleisi à coluna Painel, da Folha de S. Paulo.

No último sábado (26), quando cumpria agenda em Luanda, capital da Angola, o presidente Lula (PT) também defendeu que é necessária uma discussão sobre "como reparar Dilma". O presidente voltou a chamar o impeachment da companheira petista de "golpe".

O que será que pensa o ex-presidente Collor vendo essa ideia dos petistas? PT que, por sinal, votou a favor do seu impeachment em 1992.

| Sem voto

Losane Silveira (Foto: Reprodução)

Saiu na imprensa que Losane Silveira, irmã do ex-prefeito Firmino Filho, colocou o nome à disposição da base aliada do governador Rafael Fonteles (PT) para compor chapa majoritária como vice-prefeita nas eleições de 2024 em Teresina. Difícil é emplacar, pois Losane é um nome que se pode chamar de "sem voto". Nem mesmo se valer do legado político do irmão pode, afinal, votou contra o grupo de Firmino quando ele ainda era vivo.

Sem voto II

Nas eleições de 2020, quando Firmino lançou o professor Kleber Montezuma (PSDB) como candidato a prefeito de Teresina, Losane votou em Dr. Pessoa, se colocando contra o irmão. Ela é mãe do deputado estadual Firmino Paulo (PT), que também estava rompido com Firmino nos últimos anos de vida do ex-prefeito.

| Confusão em São Raimundo

Deputado Hélio Isaías (Foto: Andressa Martins/Lupa1)

Após dirigentes municipais do PT de São Raimundo Nonato declararem apoio à pré-candidatura do vice-prefeito Rogério Castro (MDB), o deputado estadual Hélio Isaías (PT), marido da prefeita Carmelita (sem partido), tem afirmado que o PT vai ter candidatura própria na cidade e que vai recorrer ao diretório estadual da sigla para desfazer a decisão
dos dirigentes municipais.

Confusão em São Raimundo II

A intenção de Hélio e Carmelita é filiar o stylist Isaías Neto no PT para que ele dispute a prefeitura contra o MDB do senador Marcelo Castro, cujo grupo rompeu recentemente com a prefeita. Isaías Neto é sobrinho de Hélio Isaías.

| Golpe de sorte

Senador Ciro Nogueira (Foto: Fábio Wellington/Lupa1)

De volta às redes sociais após cirurgia para retirada de tumor benigno na coluna, o senador Ciro Nogueira (Progressistas) retomou sua artilharia contra o PT e os petistas. Ironizando [nova] declaração do presidente Lula (PT) de que a então presidente Dilma Rousseff foi vítima de um golpe em 2016, o senador classificou o episódio como "golpe de sorte".

Golpe de sorte II

Ciro Nogueira escreveu: "O impeachment de Dilma foi golpe sim. Golpe de sorte para o Brasil: a presidente que pedalou e levou o país à maior recessão de sua história foi afastada pelo Congresso e STF, com apoio das ruas. Foi o fim do desastre".