Dois gados: espécies diferentes e doença igual

Num ambiente de forte polarização, onde nenhum lado demonstra querer unir o país, nem sempre igualar lulismo e bolsonarismo é fazer falsa simetria.

Para começo de história, é importante ressaltar: existe gente sensata que simpatiza com Bolsonaro e gente sensata que simpatiza com Lula. Existem pessoas que repudiam o radicalismo e o puxa-saquismo político nos dois lados. Existe vida equilibrada nos dois espectros.

Porém, quando se trata de gado militante radical, cegos políticos, puxa-sacos e falsos democratas, também há nos dois lados. Em um ambiente de forte polarização política, onde nenhum lado demonstra querer a união do país, nem sempre iguala-los é fazer falsa simetria.

Bolsonarismo e lulopetismo radicais: mais do que semelhantes (Foto: Montagem/Reprodução Internet)

Lulopetismo e bolsonarismo têm mais semelhanças do que diferenças, apesar dos apaixonados detestarem essa constatação. E um dos aspectos em que os seguidores de ambos mais se parecem é com relação à forma de reagir às críticas. Assim como os bolsonaristas radicais, admiradores de Lula não aceitam que o seu "mito vermelho" seja criticado. Nem mesmo quando sobram razões para a crítica.

Quando um jornalista expõe a contradição de Lula em se abraçar com o Centrão que ele criticava na campanha, logo surgem os militantes para atacar o profissional de imprensa. Se algum jornalista condena o fato de Lula ter mantido uma prática repaginada do orçamento secreto, que ele tanto criticava no governo Bolsonaro, logo vem um apaixonado atacar o profissional e chamá-lo de "bolsonarista".

Se algum jornalista critica as constantes declarações infelizes dadas por Lula no Brasil e mundo afora, logo é chamado de "de direita".

Os mesmos personagens que fingiam defender profissionais de imprensa que eram hostilizados pelo bolsonarismo, agora hostilizam no ambiente digital os jornalistas que ousam criticar, contestar ou denunciar malfeitos de Lula. Muitos dos democratas e defensores da liberdade de imprensa defendiam, na verdade, apenas o direito da imprensa criticar e denunciar os desmandos do governo anterior.

Agora, quando algum segmento da imprensa expõe as contradições de Lula ou denuncia algo da gestão petista, é porque é bolsonarista. Se milicianos digitais, gados e puxa-sacos ficavam de prontidão para atacar quem incomodava o mito do bolsonarismo, também há os milicianos da internet e até de setores da própria mídia sempre apostos a achincalhar quem incomoda o mito do lulopetismo.

Os gados podem até ser de espécies diferentes, mas a doença é igual.

| Carmelita no ataque

Carmelita e Marcelo Castro (Fotos: Montagem/Lupa1)

A prefeita de São Raimundo Nonato, Carmelita Castro (sem partido), acusou o grupo político do senador Marcelo Castro (MDB) de se aliar a "adversários radicais" do governador Rafael Fonteles (PT) na cidade. Ela se refere a aliança de Castro com a família Ferreira, oficializada após o rompimento do grupo do senador com a gestora. A estratégia da prefeita é "queimar" Marcelo e seus aliados junto ao governador alegando que ele se aliou a adversários históricos do PT no município.

Telhado de vidro

Ao querer o apoio de Rafael para seu candidato justificando que o grupo de Marcelo Castro terá no palanque políticos que não votaram no PT, Carmelita parece esquecer que sua irmã, a ex-deputada federal Margarete Coelho (Progressistas), também não votou em Rafael. Aliada do senador Ciro Nogueira, Margarete apoiou Bolsonaro para presidente, Sílvio Mendes para governador e Joel Rodrigues para senador. Em qual palanque Margarete estará? No de Carmelita, claro.

| Deputados com Henrique

Dep. Henrique Pires (Foto: Gustavo Almeida/Lupa1)

Com a pré-candidatura posta à Prefeitura de Teresina pelo MDB, o deputado estadual Henrique Pires afirma e faz ecoar que os parlamentares emedebistas na Assembleia Legislativa do Piauí querem ele como candidato, bem como o senador Marcelo Castro. Assim como já havia dito na semana passada, Pires destaca que a força do MDB hoje está na Assembleia. O deputado é um dos nomes do partido que se opõem à pré-candidatura do médico cardiologista Paulo Márcio, tirado do bolso pelo vice-governador Themístocles Filho.

Resistência

Henrique Pires defende que o nome do MDB seja definido com participação de todos os membros do partido, principalmente da bancada de deputados estaduais. O entendimento do parlamentar é que um partido da envergadura do MDB não pode ficar refém da vontade de um único membro, independente do cargo que ele ocupe. O recado do deputado tem endereço certo: o vice-governador.

| Você é meu... filhinho

João Mádison e o filho (Reprodução/Redes Sociais)

O deputado estadual João Mádison (MDB), o primeiro a se rebelar publicamente e de forma enfática contra a pré-candidatura de Paulo Márcio pelo MDB, saiu com uma novidade ontem, segunda-feira (11). O parlamentar defende que o partido indique o candidato a vice-prefeito do petista Fábio Novo. Até aí, nada tão surpreendente. Surpresa mesmo é a sugestão que João Mádison dá como opção do MDB para ser vice: o filho dele, o médico João Filho. A justifica surpreende ainda mais: por ser jovem e possuir trabalho prestado na medicina do Estado.

Cai o argumento

Ao sair com essa história de sugerir o nome do próprio filho para vice de Fábio Novo, o deputado João Mádison acaba caindo em um contrassenso. Quando combate a pré-candidatura de Paulo Márcio, ele alega que o médico não tem serviço prestado no MDB nem trajetória de militância no partido. E qual mesmo a história do João Filho para ele ser vice pelo MDB? Só ser filho do João Mádison?