Antes mesmo das eleições de 2022, analistas políticos já alertavam que um dos grandes desafios do governo eleito, independente de quem fosse, seria promover a pacificação do País. Diante de uma polarização intensa com pitadas de radicalismo, já era sabido que o Brasil sairia das urnas dividido. O resultado mostrou cenário ainda pior.
Com a eleição praticamente empatada, cuja diferença do eleito para o perdedor não chegou sequer a 1%, ficou evidente que o desafio da pacificação era maior do que o que se pensava. No entanto, o que se nota até aqui são dois lados políticos que vivem de alimentar o confronto, a rivalidade e o revanchismo. O Poder Judiciário poderia ajudar, mas só agrava a divisão.
O governo do presidente Lula (PT) adotou o slogan "Brasil: união e reconstrução". Porém, na prática, não se vê esforço nenhum do atual mandatário para distensionar os ânimos políticos no Brasil. O antecessor também não encampa – nem encampou – discurso de união.
Para se notar o quanto essa história de pacificação é só fachada, basta ver o comportamento de algumas figuras centrais do próprio governo. O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), que deveria ser um pacificador, passa o tempo inteiro provocando adversários políticos, abusando de falas debochadas e de ironias para se referir a rivais e a tudo que lhes diz respeito.
O senador Randolfe Rodrigues (sem partido), líder do governo no Congresso Nacional, é outro que passa o tempo inteiro na tônica do palanque, como se tivesse em campanha. O próprio presidente Lula não perde a chance de atacar o antecessor Jair Bolsonaro em cada discurso que faz, exatamente como esse mesmo antecessor fazia com ele. Ambos padecem do mesmo mal e vivem de alimentar a briga entre direita e esquerda.
Nesse ambiente de polarização e pouca disposição para pacificar o país, outros atores poderiam contribuir, como é o caso do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, se depender da Suprema Corte, pacificação é uma realidade muito distante no Brasil. Com um ativismo político cada vez mais evidente e sem cerimônia, membros do Poder Judiciário adotam postura condizente com o ambiente de polarização e, em sua maioria, transformam votos e decisões judiciais em verdadeiros manifestos políticos.
STF acirra polarização (Foto: Carlos Moura/SCO/STF)
Ao longo de 4 anos de mandato, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se ocupava, sempre que podia, em atacar Lula e a esquerda. Com tom agressivo e desagregador, instigou uma rivalidade que em nada contribuiu para o Brasil, muito menos para ele. Se tivesse deixado Lula de mão e se importado menos com a esquerda, diminuindo as questões ideológicas em sua gestão, certamente teria sido reeleito sem muitas dificuldades. Foi a postura agressiva de Bolsonaro, inclusive com o Judiciário, que fez com que ressuscitassem Lula.
Contudo, o atual presidente e boa parte dos auxiliares fazem exatamente a mesma coisa. Instigam a desunião e provocam a discórdia. Para piorar, o Judiciário também entrou na onda da polarização e muitas vezes confunde tribunal com palanque político.
Passados nove meses do atual governo, pesquisa do Datafolha divulgada este mês mostrou que o país segue dividido, exatamente como saiu das urnas em outubro de 2022. O Brasil da união e reconstrução nunca deu as caras e grande parte dos atores que poderiam mudar essa realidade não faz nada no sentido contrário, justamente porque a polarização nociva parece ser, para eles, tão vital quando a respiração.
| Profissionais sem noção
Motoristas de Uber deixar passageiros no calor (Foto: Lutsenko Oleksandr/Shutterstock)
Em pleno período do B-R-O Bró, com Teresina pegando fogo com altas temperaturas e calor que beira o insuportável, vários motoristas de aplicativo transportam passageiros com ar-condicionado desligado. Aproveitaram o hábito da época da pandemia, que era uma situação compreensível por se tratar de doença transmissível, e agora querem economizar deixando os passageiros morrendo de calor.
Exija seu direito
Se o cliente está pagando pela corrida, deve exigir que o motorista do aplicativo ligue o ar-condicionado. É um direito de quem paga!
| Prefeita denunciada
Prefeita Gabriela Coelho (Foto: Reprodução/Instagram)
O Ministério Público do Estado do Piauí (MP-PI) ingressou com ação civil contra a prefeita de Capitão Gervásio Oliveira, Gabriela Coelho (PT). O MP acusa a prefeita de receber ilegalmente R$ 376.978,62 de um cargo pelo qual não exerce as funções desde que assumiu a prefeitura. A petista recebeu, simultaneamente, o salário do cargo de terapeuta ocupacional/enfermeira (junto à Secretaria de Estado da Saúde) e o subsídio do mandato de prefeita.
Por vários anos
Gabriela recebeu indevidamente os valores de 2017 a 2022. Mesmo após o MP-PI abrir um inquérito para apurar a situação em 2020, ela seguiu recebendo e não se intimidou. Agora, foi denunciada à Justiça.
| É cada lei...
Deputado Fábio Novo (Foto: Gustavo Almeida/Lupa1)
No Piauí existe o Dia Estadual do Ipê Amarelo. A data, celebrada anualmente em 23 de setembro, foi instituída em 2012 pela lei nº 6.213/2012, de autoria do deputado estadual Fábio Novo (PT). Na última sexta-feira (23), o deputado celebrou a data e disse que ela é "uma homenagem à beleza e importância dessa árvore para o nosso estado".
É bonito, mas...
Os ipês amarelos são exuberantes e precisam ser preservados, mas daí a ter uma lei do dia do ipê é irrelevante. Nossos deputados deveriam se ocupar criando leis mais importantes.