Política

Piauí: avanços e problemas após duas décadas do século XXI

Em 20 anos, Estado conseguiu superar desafios importantes, mas muitos problemas persistem com o passar do tempo.

05 de janeiro de 2021 às 19:27
5 min de leitura

A chegada de 2021 deixa para trás as duas primeiras décadas do século XXI. Foram 20 anos em que o Piauí registrou avanços que precisam ser reconhecidos, mas, por outro lado, também não conseguiu superar muitos dos problemas que emperram o seu desenvolvimento. Nesse período, foram cinco governadores, porém, Wellington Dias (PT), eleito quatro vezes em primeiro turno, governou o Estado em quase 70% do tempo.

Aquele Piauí da virada do século XX praticamente não existe mais, no entanto, ainda tem sérios desafios que poderiam ter sido superados e, infelizmente, não foram. Muitos indicadores tiveram melhora significativa e a vida das pessoas, tanto nas cidades quanto nas zonas rurais, melhorou. Mas o fato de a vida da maioria das pessoas ter melhorado não significa necessariamente que o Piauí se desenvolveu a contento. Longe disso.

Ações capitaneadas pelo Governo Federal na primeira década do século parecem ter sido as mais significativas e refletiram muito por aqui. No começo do século, por exemplo, cerca de 200 mil famílias (algo próximo de 700 mil piauienses) viviam sem energia elétrica. O programa federal Luz para Todos conseguiu praticamente acabar com essa realidade, embora ainda existam piauienses vivendo na escuridão. A luz no campo virou uma realidade.

A educação também se expandiu, apesar de ainda ser uma área que enfrenta gravíssimos problemas no Piauí. Os jumentos deram lugar as motos e carros na maioria das pequenas cidades e zonas rurais. A rede de proteção social foi ampliada. São realidades que não se pode negar e que, aliás, não decorrem exclusivamente de um único governo, como muitos tentam atribuir. A estabilização econômica nos anos 90 foi decisiva para que esse cenário de avanços fosse possível a partir da virada do século.

Mas, passados 20 anos, o Piauí ainda figura em posições extremamente desconfortáveis. No semiárido, embora tenhamos tido reforço na estrutura hídrica, o estado não conseguiu superar o drama secular das dificuldades impostas pela seca em algumas regiões. Mesmo a 80 km do maior lago artificial do América Latina – a represa de Sobradinho, no rio São Francisco – a tão famosa transposição do Velho Chico não contemplou o Piauí.

Obras de grande porte que poderiam mudar a realidade de vários municípios nunca saíram do papel e representam o fracasso das políticas públicas de enfrentamento à seca nas últimas décadas no Piauí. A adutora do Sertão, por exemplo, que beneficiaria 50 municípios sertanejos, nunca virou realidade. Enquanto isso, milhares de piauienses ainda convivem com a escassez de água e o Estado, nos âmbitos federal e estadual, gasta milhões com carros-pipa.

Em pleno ano de 2020, somente 7% dos piauienses dispunham de saneamento básico. Na educação, apesar da universalização do ensino médio, o Piauí ocupava, em 2019, conforme o IBGE, o segundo lugar do Brasil no índice de analfabetismo, com taxa de 16% a partir dos 15 anos de idade. Aqui cabe destacar que essa realidade já foi bem pior, mas não devemos nos contentar se a posição ainda é extremamente desconfortável.

A presença da iniciativa privada aumentou substancialmente e hoje a dependência das pessoas no poder público está longe de ser como era há 20 anos. Porém, o Estado ainda precisa garantir mais meios para atrair e manter empresas por aqui. A chegada de empreendimentos de energia limpa tem garantido transformações, mas não serão eles os redentores de um Estado onde o poder público ainda peca em questões crucias.

O fato é que, passadas as duas primeiras décadas do século, o Piauí tem muitos motivos para comemorar. Basta percorrer o Estado e ver que muita coisa mudou. No entanto, o que não se deve é achar que muitos problemas históricos que ainda nos afligem ficaram para trás. Houve avanços, mas a maioria deles ainda não foi suficiente para nos tirar dos últimos vagões dessa locomotiva chamada Brasil. Em duas décadas, nosso salto ainda poderia ter sido muito maior.

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