Política

MDB tem tamanho, mas falta coragem para chegar ao governo do Piauí

Partido condiciona presença em chapa majoritária à vontade de Wellington Dias (PT).

07 de fevereiro de 2021 às 08:40
4 min de leitura

As eleições de 2022 no Piauí são assunto há bastante tempo, antes mesmo de começarem as campanhas municipais de 2020. Até aqui, duas forças políticas protagonizam o cenário de disputa para o próximo ano: o governador Wellington Dias (PT), que lançará um nome de sua preferência para a sucessão, e o senador Ciro Nogueira (Progressistas), que deve disputar o governo ou ter alguém do partido como seu candidato ao Palácio de Karnak.

Enquanto Wellington e Ciro se fazem protagonistas, o MDB, um dos maiores partidos do Estado, segue sendo apenas um apêndice no processo eleitoral piauiense. Essa fama, é importante ressaltar, não é apenas no Piauí. Até mesmo em nível nacional o MDB não tem sido protagonista em disputas eleitorais nas últimas décadas, salvo algumas exceções. E olha que o partido figura sempre entre as maiores bancadas do Congresso Nacional.

Marcelo Castro é cotado para o governo do Piauí há mais de uma década (Foto: Gustavo Almeida/Lupa1)

No Piauí, o partido possui, empatado com o Progressistas, a maior bancada de deputados titulares na Assembleia Legislativa. Além disso, tem um deputado federal, um senador da República que teve quase 1 milhão de votos em 2018, o prefeito da capital e outros 35 no interior. Também são do MDB as presidências da Assembleia e da Câmara de Teresina.

Contudo, mesmo com essa envergadura, a sigla prefere sempre condicionar sua presença em chapas majoritárias ao governador Wellington Dias. O nome do senador Marcelo Castro até é cotado para o Palácio de Karnak, mas desde que Wellington queira ele como candidato. Do contrário, o MDB se contenta com a vice do nome escolhido pelo petista.

Essa situação desagrada alguns emedebistas históricos, que não veem sentido em um partido com o tamanho do MDB ficar a vida inteira atrelada às vontades de alguém de outro partido, sobretudo se considerada a grandiosidade da legenda no Estado. Não se trata, avaliam alguns, de ser contra a aliança com o governador Wellington Dias. O que não se entende é a subordinação, eleição após eleição, aos desejos do petista na hora de montar as chapas.

Estrutura e nomes não faltam ao MDB. O que falta é coragem (Foto: Gustavo Almeida/Lupa1)

Em 2014, o MDB teve candidato próprio ao Karnak com o então governador Zé Filho, que tinha assumido o governo após a renúncia de Wilson Martins (PSB) para disputar o Senado. Porém, naquela vez o partido fez tudo errado. Meteu os pés pelas mãos ao protagonizar uma traição interna a Marcelo Castro (que deveria ter sido o candidato) e levou uma surra nas urnas, justamente para Wellington Dias, que agradeceu de bom grado.

Antes, lá em 2010, o partido também esperou as vontades de Wellington, que preferiu ter Wilson Martins como candidato a governador, em vez de Marcelo Castro. Apesar disso, é o próprio Marcelo quem mais tem orgulho dessa aliança onde o MDB nunca ganha a vez. Ele sempre faz questão de dizer que o MDB é fiel a Wellington desde 2002, quando o petista chegou ao governo do Piauí pela primeira vez.

Para as eleições de 2022, o MDB possui uma das melhores estruturas para pleitear o Karnak, mas falta o principal: coragem e disposição para ser protagonista. Com Wellington Dias andando pra cima e pra baixo com o petista Rafael Fonteles, tudo indica que veremos, mais uma vez, "o grande MDB" brigando pela vaga de vice. A sigla se contenta com isso.

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