Política

Ciro Nogueira é acusado de usar dinheiro da educação para beneficiar aliados

As informações foram publicadas no Estadão nesta terça-feira (12).

12 de abril de 2022 às 09:58
4 min de leitura

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) foi acusado de usar dinheiro da educação para turbinar campanha eleitoral de aliados filiados ao Progressistas, partido no qual o ministro é presidente nacional. De acordo com informações do Estadãoo FNDE autorizou a construção de 52 novas escolas no Piauí, enquanto 99 obras de colégios, creches e quadras continuam abandonadas no estado.

Ministro Ciro Nogueira Thiago Rodrigues/Lupa1

Ainda segundo informações do Estadãoapesar de haver 3,5 mil obras paradas, o governo preferiu dar prioridade à construção de 2 mil novas escolas, mas repassando recursos insuficientes para sua execução. A estratégia garante a deputados aliados alardear em suas bases a conquista de obras que, na prática, não serão executadas por falta de previsão orçamentária.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu nesta segunda-feira (11), abertura de uma investigação sobre o descumprimento às leis orçamentárias apontado na reportagem do Estadão e solicitou uma liminar para que o Ministério da Educação “se abstenha de realizar novos empenhos para construção de novas escolas, devendo priorizar as obras já em andamento e inacabadas, diante dos indícios do esquema das ‘escolas fake’ noticiado no bojo dessa representação”.

Ciro Nogueira e o FNDE não se manifestaram até o momento.

Entenda

Em dezembro, o prefeitoJunior Bill(Progressistas), de São Pedro do Piauí, anunciou nas redes que pediu ao ministro Ciro Nogueira dinheiro para construir uma escola. “Foi atendida e empenhada uma escola avaliada em mais de R$ 8 milhões pelo FNDE”, disse a eleitores. “Muito obrigado, Ciro Nogueira!” Do total, apenas R$ 200 mil foram de fato reservados, o equivalente a 2,5%, e não há recursos previstos para que a obra saia do papel.

Das 99 obras paradas no Piauí, em 51 dos casos não há desembolso do FNDE. Elas foram iniciadas em governos passados e, pela legislação, deveriam ter prioridade. Nos outros 48 casos, o contrato para construção foi encerrado sem que elas fossem concluídas, o que deixa pelas cidades esqueletos de escolas.

Apesar do passivo, o presidente do FNDE direcionou todo o montante, R$ 172,5 milhões, para 52 novas obras que ajudam eleitoralmente os aliados do ministro. Mesmo assim, o valor é insuficiente para concluir as construções.

Até agora, só foram garantidos R$ 15,6 milhões, ou 9,09% do total que o governo precisará desembolsar. Proporcionalmente, o Piauí obteve reserva orçamentária maior do que a média dos demais Estados, que ficou em 3,8%.

A ex-mulher de Nogueira também tira proveito da distribuição de verba para “escolas fake” no Piauí. Em dezembro, o prefeito de Arraial, Aldemes Barroso (PP), anunciou, em sua rede social, “uma feliz notícia”. Ele disse que havia sido empenhada no FNDE a construção de uma creche para o município, orçada em R$ 2 milhões. Mas, até o momento, apenas 10% foram reservados para a obra. “Iniciativa garantida pela deputada Iracema”, disse o prefeito.


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