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Pessoas com Alzheimer possuem risco maior de desenvolver quadro mais grave da Covid-19

Em pacientes com mais de 80 anos o risco pode ser até seis vezes maior.

27 de setembro de 2021 às 10:08
3 min de leitura

Segundo estudo de pesquisadores brasileiros publicado na revista Alzheimer’s & Dementia, quando um paciente era internado e já possuía Alzheimer, o risco de desenvolver um quadro mais grave por conta da Covid-19, foi três vezes maior na comparação com quem não tinha a doença.

Sesapi


“Os pacientes internados infectados por covid-19, se tiverem um quadro de Alzheimer, é um fator significativamente agravante de internação”, aponta Sérgio Verjovski, doutor em biofísica e liderança científica do Laboratório de Parasitologia do Instituto Butantan.

Nessa pesquisa foram utilizados dados do sistema de saúde britânico, reunindo informações de 12.863 pessoas maiores de 65 anos. O trabalho mostrou, ainda, que no caso de pacientes com mais de 80 anos, o risco chega a ser até seis vezes maior.

O estudo envolveu pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os dados dos participantes foram divididos em três grupos: 66 a 74 anos, 75 a 79 anos e acima de 80 anos. Da amostragem inicial, 1.167 pessoas estavam com Covid-19.

Verjovski explica que o banco inglês foi usado por ter o histórico de mais de 10 anos dos pacientes, além disso, possui o sequenciamento genômico da maior parte dos indivíduos.

Considerando as chances de agravamento, o pesquisador destaca que essa descoberta revela a importância de intervenções imediatas a esses pacientes.

Por que isso acontece?

Existem algumas hipóteses que podem explicar essa relação e Verjovski destaca que estudos ainda estão sendo feitos. Entretanto, um dos mecanismos possíveis é que quando o SARS-CoV-2 infecta o organismo, o corpo responde com um processo inflamatório para combater o vírus.

“Sabe-se que Alzheimer envolve inflamação de vasos do cérebro e é uma possibilidade que essa inflamação diminua a barreira hematoencefálica, que é uma barreira que permite que o cérebro receba nutrientes, receba a circulação, mas não deixa passar fatores de infecção. No caso da inflamação, que leva à degeneração pelo Alzheimer, pode estar diminuindo essa barreira hematoencefálica e aumentando a chance da infecção pelo vírus”, explica.

Qual o futuro da pesquisa?

Verjovski afirma que o grupo busca, atualmente, relações entre os fatores genéticos de propensão da doença de Alzheimer e o agravamento da Covid-19.

“A gente agora está tentando associar os dados clínicos com os dados de variantes genéticas envolvidas com Alzheimer para ver se aponta, entre os genes causadores Alzheimer, algum que aumenta também nitidamente a gravidade da covid e que pode apontar para um mecanismo genético.”

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