Ressocialização: Presídios do Piauí em destaque no Sistema prisional Brasileiro
A educação dentro das penitenciárias vem transformando a vida de detentos
Mesmo com a falta de investimentos e estrutura, maior desafio de todo o sistema carcerário do Brasil, nos últimos anos o sistema prisional do Piauí, vem se destacando no país pelo resultado alcançado.
Por aqui, a secretaria de justiça decidiu enfrentar esses obstáculos e mostrar na prática que é possível humanizar o trabalho e ensinar aos detentos que o crime não compensa.
O Piauí possui 17 unidades penais espalhadas nas cidades de: Teresina, Altos, Campo Maior, Esperantina, Parnaíba, Oeiras, Floriano, Picos, São Raimundo Nonato e Bom Jesus.
O estado tem hoje 5.300 presos. É um dos menores números em relação aos demais estados do país. Essa redução segundo especialistas, é resultado do processo de ressocialização nos presídios do estado. Algumas mudanças estão sendo fundamentais para a redução. A criação do grupo especial de Policiais Penais que atua em todo estado, é uma delas. O principal objetivo é solucionar situações de crise, conflito e a instauração de procedimentos de ordem e disciplina.
A Diretoria de Inteligência Penal foi estruturada e descentralizada através de núcleos nas unidades penais de todo o Estado. Em cada unidade, policiais trabalham diariamente observando e produzindo relatórios repassados a gestão com informações sobre internos e ações para o combate ao crime.
Charles Pessoa / Sup. SEJUS
A superintendência da SEJUS, também fiscaliza os presídios, fazendo uma espécie de “raio x” de tudo que acontece dentro e fora das celas.
Em 2020, o Piauí ganhou a maior e mais moderna unidade do sistema prisional, a cadeia pública da cidade de Altos. A unidade possui estrutura moderna, capacidade para 600 vagas e o abrigo de presos provisórios.
Carlos Edilson / Sec. de Justiça do Piauí
O sistema prisional do Piauí ganhou também um núcleo de inteligência e novos servidores. Em 2021, 68 policiais foram empossados, um reforço e tanto, para as 17 unidades penais do estado que atendem aos regimes: aberto, semiaberto e fechado. Mas, ainda é preciso avançar.
Dentre os exemplos de ressocialização que mais me chamou a atenção, está a rádio “Rede Aleluia” que funciona dentro da penitenciária Irmão Guido em Teresina.
Rádio Rede Aleluia
A programação é transmitida pra todo o presídio. Quem tem algum talento, vira parte da programação. Além da rádio que toca músicas religiosas, os detentos aprendem também com pastores voluntários a levar a religiosidade para dentro das celas.
A “Irmão Guido” é a primeira penitenciária de Teresina em regime fechado que atende detentos que cometeram crimes mais leves. Inaugurada em 2002, é referência no Brasil, pela ressocialização de pessoas. Atualmente, 405 detentos estão cumprindo pena no local. A maioria classificada de forma voluntária para o trabalho.
Em 2009, cerca de 76% dos condenados no Brasil não possuíam nenhum tipo de trabalho carcerário. Mas no Piauí, a situação é diferente.
A penitenciária de São Raimundo Nonato no sul do estado, é um grande exemplo. Há dez anos quando foi inaugurada, não registrou qualquer flagrante de irregularidade.
A reforma completa da penitenciária Prof. José Ribamar Leite (antiga Casa de Custódia) foi feita, exclusivamente, com a mão de obra carcerária.
Desde do início da pandemia, internos foram capacitados para fabricar máscaras de proteção e o próprio fardamento.
Dênio Marinho / Sup. SEJUS
Os detentos também participam de cursos profissionalizantes em várias áreas.
Em todas as unidades penais do Piauí, internos trabalham na manutenção dos espaços, limpeza, e cozinha.
Ainda no início da pandemia a VISITA VIRTUAL, colocou o estado como pioneiro. Durante a suspensão das visitas, a tecnologia trouxe o contato dos detentos com as famílias. Mas é a educação dentro dos presídios, é sem dúvidas, um dos melhores exemplos, que vem mudando a realidade dessas pessoas.
Nesse ano, 1.300 internos vão realizar a prova do (ENCCEJA) - Exame Nacional para Certificação de Jovens e Adultos Privados de Liberdade. O que representa um aumento de 95% em comparação ao ano passado.
O Piauí ficou em 2º lugar no Brasil em número de inscritos proporcionalmente. Os dados são do Departamento Penitenciário Nacional. Mais de 700 detentos foram inscritos no último Exame do (Enem). 184 foram aprovados. Felipe Costa ficou em 2º lugar no curso de Letras da UESPI.
Felipe Costa / 2 lugar Letras|UESPI
O ensino dentro dos presídios no Piauí, traz outros resultados positivos para todo sistema carcerário. O fim dos motins e rebeliões são alguns deles. Quem tem bom comportamento, trabalha ou estuda, garante a diminuição da pena.
Além da sala de aula, os detentos, tem espaços de leitura com centenas de livros. Alguns, de autoria dos próprios detentos.
livro escrito pro detentos
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