Tony Trindade

Aberrações faladas

Jair Bolsonaro chamou o Brasil de “republiqueta” e avisou que se não tiver voto impresso não haverá eleições.

08 de maio de 2021 às 12:34
3 min de leitura

Na última quinta-feira (06), o presidente da República Jair Bolsonaro chamou o Brasil de “republiqueta” e avisou que se não tiver voto impresso não haverá eleições no Brasil em 2022. Em tom de irritação, Bolsonaro ainda chamou o voto eletrônico de “porcaria”.

Talvez o nosso país seja mesmo uma republiqueta, afinal, aceitar que um presidente eleito pelo voto popular fale uma aberração dessas não é algo que aconteça em um país sério. Bolsonaro e qualquer brasileiro têm o direito de defender que o voto impresso seja aprovado e instituído no Brasil, mas jamais pode vir com arroubos autoritários e ameaças ao nosso processo eleitoral.

Jair Bolsonaro marco Corrêa/PR

Em sua fala, o presidente disse que o Brasil talvez seja o único país do mundo que aceita o voto eletrônico. Na verdade, ele talvez seja o único presidente do mundo que contestou o sistema eleitoral pelo qual foi eleito e, mesmo ganhando, insinuou ter havido fraude. E quem fraudou? Fraudou pra perder? A fala de Bolsonaro sobre “não ter eleição em 2022” se o seu desejo de voto impresso não for aceito é de uma gravidade imensa. Qualquer pessoa sensata tem o dever de repudiar declarações como essa.

Bolsonaro precisa entender que ele vive numa democracia e que o país que ele governa não é uma Venezuela (que ele tanto fala) onde o presidente, um ditador, costuma tentar controlar o processo eleitoral para se perpetuar no poder.

O voto impresso, uma espécie de comprovante do voto depositado da urna eletrônica, pode até ser benéfico, mas essa é outra discussão. Não é nesse mérito que se entra aqui. O que se questiona é a aberração de ameaçar interferir no curso democrático do país colocando em risco o processo eleitoral do ano que vem.

Bolsonaro está no poder porque foi eleito democraticamente com os votos de mais de 57 milhões de brasileiros que foram às urnas eletrônicas em outubro de 2018.

Ao ameaçar o sistema eleitoral do país, ele desrespeita cada um dos que saíram de casa para elegê-lo presidente, mesmo que uma parcela desses não pense assim e apoie os arroubos autoritários de Bolsonaro.

Uma coisa é preciso deixar clara: quem confia no próprio taco e acredita na democracia, não tem medo de eleição.

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