Thiago Trindade

Surto de Hepatite aguda de causa desconhecida atinge crianças ao redor do mundo

12 países já foram afetados com os casos misteriosos de hepatite em crianças.

02 de maio de 2022 às 22:32
3 min de leitura

Com os casos de COVID-19 sob controle, uma nova doença vem chamando a atenção dos órgãos de saúde: trata-se de hepatite por causa desconhecida em crianças, cujo quadro clínico consiste em hepatite aguda com enzimas hepáticas acentuadamente elevadas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os sintomas incluem dor abdominal, diarreia e vômitos antes da evolução para a hepatite aguda e icterícia. Até o momento, 169 casos da doença foram relatados em 12 países: Reino Unido (114), Espanha (13), Israel (12), Estados Unidos (9), Dinamarca (6), Irlanda (4), Holanda (4), Itália (4), Noruega (2), França (2), Romênia (1) e Bélgica (1).

Os casos atingiram crianças e adolescentes entre um mês e 16 anos de idade. Dezessete crianças (cerca de 10%) precisaram de transplante de fígado e o primeiro óbito pela doença foi registrado em 23/04.

Em busca da causa deste novo tipo de hepatite, que acomete os pacientes pediátricos, os vírus relacionados à hepatite aguda (A, B, C, D e E) foram descartados como as possíveis causas.

Até a presente data, as hipóteses iniciais giram em torno de um agente infeccioso, o adenovírus 41, patógeno comum já conhecido da comunidade médica, que geralmente causa infecção autolimitada. A médica Lenise Ibiapino explica que a infecção pelo adenovírus 41 não havia sido anteriormente associada a quadros de hepatite grave em crianças sem comorbidades.

Existem mais de 50 tipos de adenovírus.

"O adenovírus tipo 41 geralmente se apresenta com diarreia, vômito e febre, muitas vezes acompanhado de sintomas respiratórios, de forma autolimitada. Logo, somente a infecção pelo vírus não explicaria a gravidade dos casos. Devemos levar em conta fatores como o aumento da suscetibilidade entre crianças pequenas após um nível mais baixo de circulação de adenovírus durante a pandemia de COVID-19, o potencial surgimento de um novo adenovírus, bem como a coinfecção por SARS-CoV-2, que ainda precisam ser mais investigados."

Considerando que nenhum caso foi reportado no Brasil, não existem restrições de viagens para os países onde os casos foram identificados, com base nas informações atualmente disponíveis.

A Dra. Lenise Ibiapino reforça que, enquanto não existem mais esclarecimentos a respeito da hepatite de origem desconhecida, devem ser mantidas as medidas comuns de prevenção para o adenovírus e outras infecções comuns, que envolvem lavagem regular das mãos e higiene respiratória.

"Em casos de crianças ou adolescentes com quadro suspeito, como dor abdominal intensa, manifestações gastrointestinais, aumento de transmissões hepáticas e icterícia, os médicos devem notificar os órgãos competentes, especialmente se houver histórico de viagem recente a um dos países citados."

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