Gustavo Almeida

Salvem os nossos livros

Enquanto as grandes nações incentivam a leitura para que seu povo seja culto, o Brasil, que já patina nesse quesito, quer retroceder ainda mais.

11 de maio de 2021 às 08:01
3 min de leitura

No final de abril, o deputado federal piauiense Flávio Nogueira fez um discurso crítico ao governo federal na Câmara dos Deputados. Na ocasião, Nogueira condenou uma sugestão da Receita Federal para que a reforma tributária, em tramitação na Câmara, acabe com a isenção de impostos (PIS e COFINS) para livros não didáticos. Alega a Receita que o consumo de livros no Brasil está concentrado na faixa mais rica da população e que, por isso, não faz sentido haver isenção de impostos.

Flávio Nogueira

Flávio Nogueira é médico por formação, leitor contumaz e defensor de que os livros são caminho para o conhecimento. Em seu discurso, apontou que a Receita Federal esquece que 27 milhões de brasileiros das classes C, D e E praticam a leitura, apesar dos livros serem caros mesmo com as isenções.

Ao expressar sua indignação, disparou: “Parece que o Governo, equivocadamente, quer que somente uma elite possa consumir livros não didáticos. Isso é um absurdo! Nós sabemos que o desenvolvimento de um país acontece exatamente quando os seus cidadãos têm acesso ao conhecimento”.

O parlamentar ainda lembrou que o Brasil sequer consegue distribuir internet banda larga em todo o seu território, para que o pobre possa ter acesso aos livros digitais, e quer dificultar o acesso dos livros em seu formato convencional.

A crítica do deputado piauiense é extremamente pertinente. Enquanto as grandes nações incentivam a leitura para que seu povo seja culto, o Brasil, que já patina nesse quesito, quer retroceder ainda mais. Livros são libertação! Livro é conhecimento. Ninguém será razoavelmente culto sem ler. Uma sociedade que lê é uma sociedade nitidamente mais avançada.

Ao contrário de tirar isenção para compra de livros, o governo deveria facilitar cada vez mais o acesso a esse tipo de publicação para as camadas mais carentes. O consumo de livros diz muito sobre um país e o momento atual mostra que o governo brasileiro precisa buscar mais meios de incentivo à leitura e não de dificultá-la.

Dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil mostram que de 2015 a 2019 o país perdeu mais de 4,6 milhões de leitores, fazendo com que sua porcentagem de leitores caísse de 56% para 52%. A queda evidencia que, em vez de abdicar de enfrentar esse cenário, o governo precisa é tentar revertê-lo. Para isso, é necessário que tenhamos governantes que entendam o valor da leitura para o crescimento de uma nação.

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