Gustavo Almeida

PT teme aquilo que fez por mais de uma década

Partido de Lula intensifica promessa de manter Auxílio Brasil de R$ 600, programa que hoje é um trunfo eleitoral de Bolsonaro.

15 de agosto de 2022 às 11:41
4 min de leitura

O pagamento do Auxílio Brasil no valor de R$ 600 tem sido bastante explorado pela campanha do atual presidente da República Jair Bolsonaro (PL). Seus aliados não disfarçam ao fazer propaganda e mencionar que o auxílio, agora reajustado em R$ 200, fará o desempenho do presidente melhorar nas pesquisas de intenção de voto. A aposta é que ele avance sobretudo entre a população mais pobre, a quem o programa se destina.

Na última semana, essa aposta parece ter dado certo. Algumas pesquisas mostraram o presidente avançando e diminuindo a diferença para Lula nos estados. O PT, claramente, vem demonstrando preocupação com o efeito que o pagamento do Auxílio Brasil pode provocar entre o eleitorado mais pobre. Lula tem intensificado a promessa de dar continuidade ao programa no valor de R$ 600 e afirmado que Bolsonaro não continuará pagando esse mesmo valor em 2023, caso seja reeleito.


Bolsa Família era um dos trunfos de Lula em eleições (Foto: Arquivo/Rede PT)

Em seus comícios pelo Brasil, o candidato petista pede para o povo pobre receber o dinheiro e não votar em Bolsonaro. Além disso, Lula escalou seu aliado André Janones, que desistiu de disputar o Planalto para apoiá-lo, a gerar engajamento sobre o auxílio nas redes sociais. No fim de semana, os dois postaram fotos juntos e Janones escreveu: “Agora é oficial! Auxílio Emergencial de R$ 600 se Lula for eleito, mães solteiras e todos do CadÚnico também. Bolsonaro quer acabar com o auxílio, mas o Lula não vai deixar”.

O visível temor do PT com o efeito que o auxílio de R$ 600 pode causar a favor de Bolsonaro não é de se estranhar, afinal, o partido de Lula sabe como ninguém o que é usar programas assistenciais para segurar o eleitorado pobre. O PT teme hoje justamente aquilo que fez com maestria ao longo de seus governos, por mais de uma década. Já o presidente Jair Bolsonaro, que antes criticava programas de distribuição direta de renda, aprendeu com o PT e hoje faz o mesmo visando vencer as eleições.

Nos governos Lula e Dilma, o programa Bolsa Família foi usado exaustivamente como trampolim eleitoral. Em tempos de eleição, os petistas espalhavam que se o PSDB chegasse ao poder iria acabar com o programa. Nos rincões do país esse discurso pegou, principalmente entre aqueles com pouca ou nenhuma instrução. Lideranças do partido, insufladas pelos líderes nacionais, diziam que se entrasse outro presidente da República, o Bolsa Família iria acabar, mesmo com os candidatos oposicionistas jurando de pé junto que jamais dariam fim do programa. Por anos, o PT se valeu dessa estratégia.


Auxílio Brasil é um dos trunfos de Bolsonaro na campanha (Foto: Isac Nóbrega/PR)

É justamente por isso que o partido de Lula tem se preocupado com o uso político que Bolsonaro faz do Auxílio Brasil. O petista sabe como ninguém que uma parcela população, sobretudo no Nordeste, está propensa a votar naquele que dá auxílios desse tipo. Pesquisas mostram isso.

A diferença é que Lula hoje está do outro lado na história. Ele hoje é o José Serra, o Geraldo Alckmin e ou o Aécio Neves, políticos que não tinham um programa social a seu favor na campanha e que, para piorar, o PT ainda dizia maliciosamente que acabariam com o Bolsa Família se vencessem as eleições.

O mundo dá voltas.

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