O malabarismo no discurso vereador Dudu

Parlamentar petista diz que Jeová aderiu ao time de Bolsonaro, mas é aliado dele na Câmara de Teresina.

29 de junho de 2022 às 22:44

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O vereador Dudu (PT) falou nesta quarta-feira (29) sobre a adesão do presidente da Câmara Municipal de Teresina, Jeová Alencar (Republicanos), à pré-candidatura de Sílvio Mendes (UB) ao governo do Piauí. Se referindo a Jeová e seguindo a estratégia governista de tentar associar Sílvio a Bolsonaro, o petista afirmou que o bloco que apoia Rafael Fonteles (PT) “não está preocupado com quem adere ao time de Bolsonaro”.

Vereador Dudu, do PT (Foto: Gustavo Almeida/Lupa1)

Para Dudu, o colega de parlamento é agora um representante do bolsonarismo. "Esse time representa o Bolsonaro. Quem é o ministro-chefe da Casa Civil do Bolsonaro? É o Ciro. Quem é o Joel Rodrigues? É do PP. Quem é o Sílvio? É do time do Ciro. A quem foi que o Jeová aderiu? A eles. Então quem é o time do Bolsonaro? Eles", provocou Dudu.

No entanto, na Câmara Municipal de Teresina a bancada de vereadores do PT é aliada do presidente Jeová Alencar. Aliás, Dudu tem sido, ao longo dos últimos cinco anos, um dos mais fervorosos aliados de Jeová no Parlamento Municipal. E continua sendo. Nesse assunto, o discurso de Dudu muda conforme a conveniência eleitoral. Associa Jeová ao que chama de “time de Bolsonaro” porque ele decidiu marchar contra a pré-candidatura do PT ao governo estadual, mas não larga as benesses de ser aliado de Jeová na Câmara.

Recentemente, a eleição para presidente da Câmara Municipal foi antecipada em mais de seis meses e o vereador Enzo Samuel (PDT) foi eleito para o biênio 2023-2024. A articulação que garantiu a eleição antecipada de Enzo foi liderada por Jeová Alencar e sabe quem, a pedido dele, apresentou o requerimento propondo a eleição antecipada? Um vereador do PT. Deolindo Moura, por orientação de Jeová, fez a proposição.

Dudu é forte aliado de Jeová na Câmara Municipal (Foto: Reprodução/Facebook)

Se Jeová é agora “do time do Bolsonaro”, como tenta pregar Dudu e seus aliados como forma de colocar uma pecha negativa sobre o palanque ao qual ele aderiu, então porque a parceria forte entre eles é mantida na Câmara? Dudu só detesta o bolsonarismo fora dos muros do Parlamento municipal?

Quando confrontado sobre essa situação, Dudu alega que a eleição deste ano não é municipal, e sim estadual. Mas não é justamente o partido dele que tenta a todo tempo misturar as eleições e nacionalizar a disputa estadual? Só vale misturar se for para beneficiar o discurso de Dudu? Está na hora do combativo vereador petista melhorar o discurso, pois esse malabarismo conforme a conveniência não é convincente.