O Hospital São Marcos, referência no tratamento do câncer no Piauí, vem a público informar que está enfrentando uma grave crise de financiamento devido ao atraso de 19 meses nos repasses contratuais da Prefeitura Municipal. A instituição, que atende majoritariamente pacientes do SUS, chegou ao limite operacional e se vê forçada a interromper parte dos atendimentos oncológicos por absoluta falta de medicamentos.
Desde o início do ano, o hospital realizou:
* Mais de 18 mil consultas em oncologia;
* 11 mil sessões de quimioterapia;
* 850 cirurgias de alta complexidade para tratamento do câncer;
* Mais de 300 internações de crianças com câncer;
* Mais de 400 internações de adultos com câncer.
Apesar do esforço contínuo da equipe médica e da gestão hospitalar, mais de 1.000 pacientes estão atualmente com seus tratamentos atrasados, o que coloca suas vidas em risco.
Durante o mesmo período, o hospital recebeu da Prefeitura o total líquido de R$ 19 milhões em repasses (recursos exclusivamente do Ministério da Saúde e da Sesapi, meramente repassados pela Fundação Municipal de Saúde). Considerando apenas os principais procedimentos de alto custo mencionados acima, o ticket médio por atendimento foi de aproximadamente R$ 1.400 — valor significativamente inferior ao necessário para cobrir despesas com medicamentos oncológicos, equipe multiprofissional, insumos hospitalares e estrutura física.
“Não se trata de uma disputa política. Trata-se de uma questão de saúde pública e de preservação da vida. O Hospital São Marcos segue pronto para continuar atendendo, mas precisa de condições mínimas para isso. Estamos abertos ao diálogo e à construção de uma saída conjunta, responsável e urgente com a Prefeitura”, afirmou o diretor técnico da instituição em entrevista à TV, Dr. Marcelo Martins.
O hospital reconhece o cenário desafiador herdado pela atual gestão municipal, mas reforça que a população oncológica não pode ser penalizada por problemas administrativas ou atrasos financeiros. A urgência da situação exige uma solução imediata e pactuada entre os entes públicos.