Prefeito de Piracuruca está na mira da Justiça por uso indevido de redes sociais da prefeitura

Além do prefeito, seis secretários também viraram réu em ação que denuncia suposta promoção pessoal dos agentes públicos.

O Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI) ingressou com uma Ação Civil Pública contra o prefeito de Piracuruca, Francisco Marcelo Carvalho Mendes, conhecido como Marcelo Jatobá, e Franklin de Andrade Fontenele Neto, secretário de Agricultura e Abastecimento, Sarvia Karoline Gomes Oliveira, secretária de Saúde, Antônio José Rodrigues da Costa, secretário de Educação, Ellayne Maria Magalhães Cardoso, secretária do Meio Ambiente e Urbanismo, Francisco Augusto Carvalho de Morais, secretário de Cultura, Turismo e Desenvolvimento Econômico, e Raylom Anderson Lustosa Machado, secretário de Obras, Serviços Públicos e Saneamento. O motivo da ação é o uso irregular das redes sociais oficiais da prefeitura para promoção pessoal dos gestores.

Collab do instagran da prefeitura com o do prefeito Marcelo Jatobá

A investigação conduzida pela 2ª Promotoria de Justiça de Piracuruca identificou um padrão sistemático de publicações no perfil oficial do instagram da prefeitura (@piracurucaoficial) que associavam obras, programas e eventos públicos à imagem do prefeito e de secretários municipais.

De acordo com o MP, os gestores utilizavam ferramentas da plataforma, como o recurso de "colaboração" (collab), para vincular suas contas pessoais às publicações oficiais da prefeitura, criando um ambiente de autopromoção com recursos públicos.

Além das postagens nas redes sociais, o Ministério Público apurou também que símbolos e slogans utilizados na campanha eleitoral de 2024 foram reproduzidos em abadás de Carnaval em 2025, o que reforça a suspeita de utilização da máquina pública em benefício pessoal.

Secretários fazem collab com perfis pessoais

Prática comum no Piauí

Embora o caso tenha ido parar na Justiça em Piracuruca, o problema está longe de ser um episódio isolado. A prática de usar as redes sociais de prefeituras e órgãos públicos para fins pessoais ou até eleitorais é recorrente em várias cidades do Piauí e de outros estados do Brasil.

O que deveria ser um canal de informação institucional e de interesse coletivo acaba sendo transformado em ferramenta de marketing político e eleitoral, com recursos humanos e financeiros custeados pelos cofres públicos.

Especialistas apontam que, além de violar o princípio da impessoalidade previsto na Constituição Federal, essa conduta desvirtua o papel da comunicação pública e prejudica a transparência das ações governamentais.

Promotora alega que prefeito usa identidade visual de campanha em eventos patrocinados pela prefeitura

Pedidos

Pelos fatos narrados, o MPPI requereu a exclusão imediata de todas as publicações com conteúdo promocional de agentes políticos nos perfis oficiais da prefeitura; a proibição de novas publicações com nomes, imagens ou símbolos de autoridades nas redes oficiais.

A promotora Amina Macedo Teixeira de Abreu Santiago ainda aplicação de multa diária em caso de descumprimento das medidas anteriores; a condenação dos réus ao pagamento de indenização por danos morais coletivos, com valores sugeridos de até R$ 30 mil e ainda a proibição do uso de bens e serviços públicos para autopromoção em eventos, obras e campanhas de comunicação.

Juiz negou liminar

Apesar da gravidade dos fatos denunciados e da robustez das provas apresentadas pelo Ministério Público, o pedido de liminar para retirada imediata das publicações com caráter de promoção pessoal foi negado pela Justiça.

Em decisão proferida no dia 10 de março de 2025, o juiz Stefan Oliveira Ladislau, da Vara Única da Comarca de Piracuruca, entendeu que, apesar da relevância das alegações do Ministério Público, era necessário garantir o contraditório antes de qualquer medida urgente.

O magistrado determinou que o Município de Piracuruca fosse intimado a se manifestar no prazo de 72 horas, antes de apreciar o pedido liminar. Com isso, as postagens com teor promocional seguem nos perfis oficiais da Prefeitura enquanto o processo tramita.

Outro lado

 Procurados pelo Lupa 1, o prefeito e os secretário apontados pelo Ministério Público não foram encontrados para comentar o caso até a publicação da matéria. O espaço segue aberto para manifestações.